O Grande Parafuso
sábado, 1 de novembro de 2014
sábado, 8 de setembro de 2012
segunda-feira, 16 de julho de 2012
(dis)parada
não era marcha nem desfile
nem
carnaval
era
tudo e mais um pouco
o desbunde
total
disparada
a largada
despertada
a orgia
era
a fome da carne, do beijo
do
prazer banal
era
a dada a alforria
das
taras, dos medos e pesos
daquela
prisão moral
ser
tão somente seres
eles por
eles
elas por
elas
sem
portas e segredos
quartos
e janelas
tesão
sem despeito
pecado
de igual pra igual
não
era protesto nem ousadia
era
apenas romance
e
um pouco de putaria
mas
que os espiassem
nas
ruas, na praças
trepados
numa árvore
e
destilassem o rancor
a
insuspeita vontade
ou
a inveja normal
mas
que os encarassem
pelo
menos um dia
deleitando-se
livres
até
o último suspiro da noite
um
abraço quente na noite fria
como
qualquer casal
segunda-feira, 30 de abril de 2012
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
pleonásmico
ainda vou entrar pra dentro
do seu quarto bagunçado
trancar sua porta
trancar suas pernas a mim
e jogar a chave fora
só deixar sair pra fora
as saudades, as vontades, as verdades
escondidas no seu criado-mudo
mais íntimo e depravado
o resto vou fechar tudo
pra gente gritar alto e calar mudo
loucos da cabeça
até o espelho ficar cego
e o corpo ficar surdo
depois subir pra cima das paredes
e do teto feito aranha
te observar dormindo
como a indefesa presa ao relento
e preparar a teia pro próximo bote
e pro seu bote voltar nadando
na água salgada do seu corpo mar
que doce se torna no leito desfeito
ao descer a descida da ladeira até a lombar
com lambidas nas ancas largas e pérfidas
sambar e cantar nas curvas e vielas
das áreas mais boêmias e periféricas
até a apoteose do recôndito ventre
e então entrar na chuva pra se molhar
e até me queimar no fogo fátuo
da fogueira faceira do seu olhar
de júbilo e regozijo
inocentemente indecentes olhos
que olham o nada e o infinito
sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
esfumaçado céu da boca
me preparo pra ser lançado violentamente à rua
junto com a fumaça, uma cusparada direta
dos brônquios acesos da viciada urbe
aos olhos injetados de um transeunte
e enquanto eu planava em queda livre
aos olhos injetados de um transeunte
e enquanto eu planava em queda livre
ela flanava vagarosa no ar
até se encontrar com as baforadas do ônibus,
da fábrica e do bar
dou um tempo e acendo um cigarro
a fumaça que expiro me faz pensar
que não é só a gente que consome o planeta
ela também fuma nossa existência
não é sua culpa, ela foi viciada
antes de você, de mim
da alma virar maço e ser industrializada
enquanto acesos
o mundo friamente nos inala
em compulsiva e dissimulada calma
consome vida e excreta fumaça
fotossíntese ao avesso
depois joga a guimba na praça
me torno também seu veneno
pessoas fumam diariamente
eu causo dependência, asma e pigarro
pra não ser tragado rapidamente
mas prefiro ser o prazer de alguém
do que o catarro escarrado pelo mundo
na cara de um zé ninguém
e enquanto não me apagam
e o mundo não morre de câncer
no esfumaçado céu sem estrelas
espero, queimo teimosa e lentamente
um cigarro amargo apenas
ardendo em brasa indecente
da fábrica e do bar
dou um tempo e acendo um cigarro
a fumaça que expiro me faz pensar
que não é só a gente que consome o planeta
ela também fuma nossa existência
não é sua culpa, ela foi viciada
antes de você, de mim
da alma virar maço e ser industrializada
enquanto acesos
o mundo friamente nos inala
em compulsiva e dissimulada calma
consome vida e excreta fumaça
fotossíntese ao avesso
depois joga a guimba na praça
me torno também seu veneno
pessoas fumam diariamente
eu causo dependência, asma e pigarro
pra não ser tragado rapidamente
mas prefiro ser o prazer de alguém
do que o catarro escarrado pelo mundo
na cara de um zé ninguém
e enquanto não me apagam
e o mundo não morre de câncer
no esfumaçado céu sem estrelas
espero, queimo teimosa e lentamente
um cigarro amargo apenas
ardendo em brasa indecente
estuprando pulmões
se alimentando do alheio ar
esperando o beijo molhado
da próxima boca
que irá me tragar
se alimentando do alheio ar
esperando o beijo molhado
da próxima boca
que irá me tragar
sábado, 26 de novembro de 2011
pretérito imperfeito
no meu quarto
todos os dias
toda minha
toda nua
teu sorriso
tuas pernas
teus seios
teus lábios
teu umbigo
tão sexy
e tão pura
te colocava na parede
te olhava
te cobria
te venerava
masturbava-nos
e nus novamente
nos imaginava
te gozava
e quando você caía
te recolocava
no alto da minha parede
altar de prazeres
e novamente me deliciava
te tocava
na praia
ou no deserto
do poster da revista
deitado na cama
ou no lago
da inquietude
daquela juventude
onírica e molhada
a vida árida
coração líquido
alma libido
sonhos e desejos
de tardes de infinito
terça-feira, 22 de novembro de 2011
Sexcelsior
domingo, 9 de outubro de 2011
The Night Has A Thousand Eyes
morto que cai
a
noite revela
um rosto
esconde seus punhais
um
para cada morte
seus
mil olhos
se abrem
essas bocas vulgares
voyeurs
sedentas
piscando
sorrisos
sussurrando
olhares
penetrando os ouvidos
de cada virgem lua
cada alma na rua
deixando
uma mensagem
- O dia só tem um olho,
eu tenho todos,
Carpe
Noctem...
sábado, 17 de setembro de 2011
Meteoritos (ou migalhas do pão universal)
entre um salto quântico e a dança no vácuo
sob o maior silêncio já encontrado
entre asteróides bêbados e satélites estressados
atravessei a Milky Way sem olhar o semáforo
atrasado para ver o parto daquela nova estrela
que já chegou ao quarto
crescente, nos braços e seios de uma nebulosa
mãe-constelação acolhedora e radiosa
*
se somos feitos de cordas
segundo a teoria
ainda sou violão desafinado
tocando acordes dissonantes
serei ainda uma guitarra Gibson
em voos-solos cortantes?
a vida seria então uma partitura
cheia de escalas e lacunas
notas e cifras complexas, indeterminadas
uma sinfonia cósmica inacabada, eterna
e regida por um maestro sem batuta?
*
outros físicos dizem que além de cordas
o cosmos tem membranas
multiversos flutuantes, multidimensões entrepostas
cada membrana é um universo
cada universo um objeto orgânico de mesma substância
cada universo é como um pão
de massas e sabores diferentes
num café da manhã estelar
e em cada fatia, uma dimensão existente
não há dentro ou fora, miolo ou casca
seriam os deuses astronautas
tomando pingado numa padoca cósmica?
*
teorias e relatividades à parte
senhores Copérnico, Galileu, Newton, Einstein
da metafísica à física quântica
me importa mais a quantidade de gravidade
na dinâmica e mecânica dos corpos carnais aos celestes
quantos gravitons e magnétons são necessários
para que dois leigos se atraiam
e ocupem por um momento o mesmo espaço-tempo
e caiam, vertiginosos como meteoros
mas amortecidos por uma cama desavisada?
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